Podemos considerar a produção de cogumelos uma arte, afinal é necessário um equilíbrio de condições ideais para que ela vingue. O shimeji, por exemplo, encontra no verão um período propício para desenvolvimento, entretanto, há desafios. Este tipo específico de cogumelo demanda cerca de 80 a 90% de umidade, um patamar nem sempre fácil de se atingir em condições “normais".
Para que o ambiente possa chegar à umidade desejada, Carlos Renê da Silveira, responsável pela produção da Vale do Japi, nos conta que são necessárias técnicas de irrigação ou nebulização, o que acabam auxiliando no desenvolvimento do fungo. Entretanto, caso haja um calor exagerado, os cogumelos poderão ficar queimados; outro problema que pode ocorrer é uma umidade em excesso, o que causará o apodrecimento do produto.
Nélio Junior Santi, da produtora Natuni, teve problemas com o substrato do cogumelo paris, que, segundo ele, posteriormente, acabou infectando o solo utilizado na cobertura. Agora o produtor utiliza compostos vindos do Paraná, o que proporcionou a retomada adequada do cultivo.
Ambos os produtores não viram a pandemia como um obstáculo; em alguns casos houve uma procura ainda maior por esse tipo de produto, tanto por consumidores finais, como distribuidores e mercados. Eles relatam que os métodos de higiene para este tipo de produção sempre foram rigorosos, desta forma, tiveram apenas que adotar o uso da máscara.
Renê que atuava também como motorista de van escolar, atualmente, vê na produção de cogumelos o seu ganha pão; porém, afirma que mesmo tendo um cultivo em larga escala, é difícil contar somente com o lucro desse ramo, pois, como vimos, trata-se de uma produção que demanda complexidade, tempo e paciência.