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Cabreúva
165 anos

História de Cabreúva - SP

Na formação de qualquer cidade é comum que ela se desenvolva através de artérias de comunicação, as quais podem ser rios e estradas. No caso da nossa Cabreúva não foi diferente, tendo como ponto de partida uma singela ponte sobre o rio “dos Padres", construída por toras de uma árvore que dá nome a este local.

As pessoas que vinham da Capital, ou de Sant’Ana de Parnaíba, tinham de passar por ela para chegarem a Itu. O que é interessante é a importância da tal ponte, afinal ela se encontrava numa região de pouca concentração populacional, hoje localizada ao final da Avenida Marciano Xavier de Oliveira, tendo inicialmente o nome de Rua da Capela Velha.


A história de Cabreúva se confunde com os primeiros momentos das colonizações feitas pelos portugueses, num período em que a Vila de São Paulo era pequena e pobre, sem grandes riquezas a serem exploradas. As primeiras rotas das bandeiras seguiram delineando o fluxo do rio Anhemby - hoje Tietê - dando origem aos caminhos chamados “dos Bandeirantes” e, posteriormente, “dos Romeiros”. A região onde se encontra a cidade foi vista com bons olhos devido à sua localização privilegiada, principalmente pela influência do Tietê.

Apesar de ainda não existirem documentos oficiais que comprovem determinada afirmação, conta-se que a região do Bananal foi a primeira parada dos Bandeirantes; por isso o nome “Bananal”, cuja tradução do tupi para o português é “corredeiras”. Daí em diante seguiram as explorações através das matas fechadas ou pelas águas do rio.
As terras que dariam origem a Cabreúva eram doadas pela Coroa Portuguesa e conhecidas como Campos de Pirapitingui - pertencentes, no longínquo período, a Manoel Fernandes Ramos, um ilustre português. Naquela época nossa região era constantemente visitada pelos parnaibanos, principalmente na área antigamente conhecida como Apotrebu - atual Bananal - na qual o povoado não se desenvolveu. Talvez isso não tenha ocorrido pelo motivo dos paulistas terem encontrado outros caminhos de fácil locomoção circulando a Serra do Japi, abrindo trilhas e margeando rios como o jundiaiense, para chegarem a Itu, onde se encontravam outras expedições.

A cidade cujo nome tem origem tupi através da junção das palavras “kaburé" e “Iwa”, significando “a morada da alma da mata”, ficou por um bom tempo em segundo plano até que os ituanos percebessem a fertilidade deste local, tendo grande importância para o desenvolvimento da lavoura canavieira. Nossa terra passou a abrigar católicos assíduos vindos de Itu, que logo edificaram uma capela a qual serviu de alicerce para que o povoado se desenvolvesse ao redor.
Passado certo tempo, o religioso local ruiu devido a um grande temporal em conjunto com falhas em sua construção. Porém, logo ganhamos uma nova edificação, no mesmo local da qual ruíra, bancada pelo fervoroso católico Félix da Silveira, antigo dono da Fazenda Taguá.

Com os anos fomos nos desenvolvendo e recebendo ainda mais ituanos, até que, em 1824, o Padre José Rodrigues Castanho, deixando de ser vigário da sua cidade de origem, chegou por aqui e passou a plantar cana de açúcar, devido ao grande potencial agrícola do povoado.
A vinda do padre teve grande importância, pois a capela de Nossa Senhora da Piedade passou a ficar aos seus cuidados. Castanho foi o responsável por trazer os títulos de “Capela Curada”, em 1826 e, posteriormente, em 9 de dezembro de 1830, por força de Decreto Imperial, a transformação da capela em Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, a qual pertencia ao município de Itu.

Em 1855 com o desenvolvimento dos canaviais e, concomitantemente, com o início das plantações de café, Cabreúva recebe outro importante personagem de sua história; o frei capuchino, Mathias Gênova, o encarregado das coisas de Deus para dirigir, espiritualmente, os rumos dos cabreuvanos. Ele foi o responsável pela construção de uma igreja ainda mais ampla e confortável; igreja essa que conhecemos atualmente como Matriz.

Como pudemos perceber nossa hostória se confunde com a de muitos ituanos; e o Comendador Manoel Martins de Mello, que se dedicou muito à lavoura local, foi quem trouxe os primeiros benefícios de infraestrutura urbana. Devido à influência deste homem a Freguesia foi elevada à categoria de Vila de Cabreúva, em 24 de março de 1859, emancipando-se assim de Itu, com documentos comprovados nos registros da Secretaria da Província de São Paulo. Desta forma os moradores desta área passam a ser chamados de “cabreuvanos”, pois, enfim, a cidade atinge o que podemos chamar de “maioridade”.

Já crescidinha, Cabreúva passa a ter cultivos de café, seguindo a onda de plantio do fruto por todo o país, durante o século XIX. Com isso a cidade foi pouco a pouco deixando a mão de obra escrava de lado, dando início a um processo de mecanização - é importante citar que o escoamento da produção foi favorecido pela presença das estradas de ferro nas regiões de Itu e Jundiaí.
Com a cultura do café implantada na região é correto afirmar que essa atividade ganhou força pela presença dos imigrantes que por aqui chegaram e criaram raízes. Italianos que já haviam passado por difíceis momentos em sua terra natal foram fundamentais para o nosso desenvolvimento cívico-político e também nossa fonte de ensino para técnicas de rotação de cultura. Isso propiciou, durante o declínio do café e a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929, que a cidade não ficasse desamparada economicamente; voltando-se ao cultivo de uva, juta e fumo, por exemplo.

E não foi só de povos estrangeiros que nos beneficiamos; recebemos um elevado número de migrantes nordestinos. Por nossa área ser rica em jazidas minerais, esse tão estimado povo foi mão-de-obra fundamental na atividade das pedreiras, por volta do ano de 1960.
Regiões das fazendas Pinhal, Concórdia, Floresta, Taguá e outras foram exploradas, tendo uma produção cada vez mais elevada; até que na década de 70 o bairro do Jacaré passou a contar com um loteamento para que os nordestinos se abrigassem. Toda essa miscigenação e capacidade de se reinventar, com o seu povo sempre unido, fez com que Cabreúva se tornasse a “Cidade da Amizade”.

Devido à localização dispersa de muitas fazendas e pela tendência de regiões mais afastadas se aglutinarem de acordo com a estrutura primitiva da “casa grande”, cada bairro passou a se desenvolver de uma forma específica - e por isso separados por distâncias medidas em quilômetros. O Bonfim, por exemplo, teve a formação de chácaras, fazendas, sítios, granjas com produção de hortigranjeira, além de olarias e alambiques. Dessa forma nasceram, no município, as fazendas São José, Santo Antônio, Guaxinduva, Cruzeirinho, Corcovado; ou sítios como Jundiuvira, do Sol, Peri, Flora Brasília, Roque Motta, Rainha da Praia, Varginha, e muitos outros…

Em 1970, Rubens da Silveira Camargo, o prefeito da época, criou o Distrito Industrial do município, juntamente com seu Plano Diretor; o que trouxe até nós - graças à sua privilegiada localização entre as cidades de Jundiaí e Itu - grandes indústrias nacionais e multinacionais, dando, a partir de então, um poderio industrial, comercial e de prestação de serviços terciários à Cabreúva como conhecemos até hoje.