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Papo de Especialista

Saiba mais sobre a varíola dos macacos

As professoras Ariane Campos e Fernanda Porcari Molena apresentam respostas para as dúvidas sobre a doença

Publicado em 08/08/2022 às 10:44
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As professoras Ariane Campos e Fernanda Porcari Molena, apresentam as respostas para as dúvidas sobre a doença (Foto: internet )

Apesar do nome, a varíola dos macacos, causada pelo vírus monkeypox (gênero Orthopoxvirus) tem como possível reservatório natural os roedores das selvas africanas. A doença ficou conhecida como varíola dos macacos porque os primeiros casos detectados foram de macacos trazidos da África para a Dinamarca em 1958. Em humanos, o primeiro registro foi em 1970 na República Democrática do Congo, durante o processo de erradicação da varíola humana. É importante salientar que os macacos não são transmissores do vírus.

Por quê a preocupação?

Antes era possível relacionar a contaminação da varíola dos macacos e rastrear a origem da infecção a partir do acompanhamento de pessoas que haviam visitado áreas em que a doença é considerada endêmica. Porém, casos estão surgindo em vários países e preocupando autoridades sanitárias, pois a transmissão comunitária do monkeypox (de forma direta e indireta, entre as pessoas) está ocorrendo. Mesmo apresentando baixa letalidade (entre 1 e 3% dos casos), os sintomas agressivos e o crescente aumento do número de casos confirmados fizeram a OMS emitir um alerta e classificar a varíola dos macacos como Emergência Sanitária Global. Somente no Brasil, até o primeiro dia de agosto, já haviam sido registrados 1.369 casos confirmados, com São Paulo liderando a maioria dos casos (1.031). Até esta data, na nossa região, já haviam sido confirmados 8 casos: dois em Cabreúva, dois em Jundiaí, três em Sorocaba e um em Várzea Paulista.

O único óbito ocorrido no país foi considerado o primeiro fora da África no surto atual. A vítima foi um homem de 41 anos que sofria de graves comorbidades.



Quais são os sintomas?

Existem diversos sintomas associados à varíola dos macacos, mas os principais são: febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. A partir do quarto dia surgem lesões na pele, as pústulas (se assemelham a catapora), que se desenvolvem no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo. As lesões viram bolhas, estouram e formam ferida com “casquinha”. Em alguns casos, as lesões aparecem como uma única bolha pelo corpo. Quando as pústulas aparecem nos órgãos genitais, podem ser confundidas com infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o que pode atrapalhar o diagnóstico correto. Os sintomas considerados suspeitos somente são confirmados como varíola dos macacos, após exame laboratorial.

Como ocorre o contágio?



A transmissão ocorre por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e objetos contaminados, como roupas e lençóis. Assim, apesar de não ser considerada uma IST, pode ser passada através de relação sexual, pela proximidade e contato da pele entre os envolvidos.

O período de incubação do vírus pode variar de 5-21 dias. Por isso, pessoas infectadas precisam ficar isoladas e em observação por 21 dias.

Como é feito o tratamento? Por se tratar de uma doença viral, os cuidados clínicos visam aliviar os sintomas, além de gerenciar e acompanhar o seu desenvolvimento para evitar complicações e possíveis sequelas. Também é necessário fornecer líquidos e alimentos para manter o estado nutricional e facilitar a resposta do sistema imunológico contra o vírus.

Um medicamento antiviral inicialmente desenvolvido para combater a varíola humana, o tecovirimat¸ tem sido utilizado para ampliar o combate ao monkeypox e tem demonstrado resultados promissores, se ministrado no início do tratamento. O Brasil deve receber o medicamento devido à sua parceria com a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde).

Tem vacina?

A vacinação contra a varíola tradicional é eficaz também para a varíola dos macacos, mas segundo a OMS, pessoas abaixo de 50 anos podem estar mais suscetíveis já que as campanhas de vacinação contra a varíola foram interrompidas pelo mundo quando a doença foi erradicada em 1980.

Países como Reino Unido, Espanha e algumas cidades dos Estados Unidos iniciaram o esquema vacinal, já que a vacina da varíola humana confere imunização cruzada com a varíola do macaco. A ideia é aumentar a produção do imunizante (o que deve ser facilitado após a declaração feita pela OMS) e começar a vacinação por grupos mais vulneráveis à doença, como pessoas da área da saúde que entram em contato com contaminados. Por enquanto, não há previsão de chegada dos imunizantes no Brasil.

Como se prevenir?

Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel são importantes para evitar a exposição ao vírus, além de evitar contato com pessoas infectadas e usar objetos de pessoas contaminadas e com lesões na pele.

Também é importante ficar atento ao aparecimento dos sintomas e, caso detectados, procurar uma unidade de saúde para diagnóstico e promover o isolamento.

O vírus da varíola humana é muito parecido com o vírus monkeypox, compartilhando 90% do material genético. Os 10% restantes fazem uma grande diferença: a varíola humana, já erradicada, era bem mais grave do que a varíola dos macacos. Assim, os recursos tecnológicos provenientes dos estudos já realizados permitem que as ações necessárias para o controle do surto sejam mais assertivas.

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