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Papo de Especialista

Massa de ar polar atinge 17 estados e o Distrito Federal

O professor de Geografia do Colégio Anglo explica o porquê deste repentino frio que chegou em várias regiões do Brasil

Publicado em 23/05/2022 às 14:56
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João Carlos Vieira, Professor de Geografia do Colégio Anglo Cabreúva (Foto: Divulgação)

O colégio Anglo, localizado no bairro Jacaré possuí especialistas, literalmente, de todas as matérias. Hoje iremos ver a explicação do professor de Geografia João Carlos Vieira, Educador Ambiental, Especialista em Ecoturismo e Planejamento de Atividades em Áreas Naturais. Por que este frio surgiu do nada no meio de maio?


Uma poderosa Massa de Ar Polar atingiu em cheio o Brasil nos dias 18, 19 , 20 e 21 de maio de 2022. A Defesa Civil e a Marinha emitiram um alerta para vários estados do país, colaborando dessa forma, com ações dos nossos governantes, demonstrando a importância da Meteorologia e da Ciência. Mas afinal, o que são Massas de Ar? Por que essa foi tão forte?

As massas de ar são grandes correntes de ar, que podem ser frias ou quentes, úmidas ou secas. A atuação dessas massas depende das estações do ano, sendo muito comum a entrada de Massas frias de origem polar e subpolar de maio à setembro. Os estados que são mais afetados por essas massas são os do Sul, Sudeste e também o Mato Grosso do Sul (Sim, é muito comum geadas e temperaturas bem baixas no Pantanal). Esses estados estão mais ao Sul e sofrem com temperaturas baixas e até neve ou geada.

O outono e o inverno costumam ter entradas periódicas das Massas Polares. Em alguns anos elas entram quase todas as semanas, sendo o período mais forte nas férias de julho (alta temporada para as cidades turísticas que são bem frias, como Gramado e Canela no RS, São Joaquim e Urubici em SC, Campos do Jordão em SP, Monte verde em MG e a região mais fria do Rio de Janeiro, o Parque Nacional do Itatiaia, que já registrou neve).


Essa massa que atingiu o país foi muito forte? Sim! Ela foi impulsionada por um Ciclone Extratropical, batizado de Akecan “O som que vem do céu”, que atuou com mais força e bem próximo do litoral entre o Uruguai, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, esse ciclone é um sistema que atua com mais força também no outono/inverno, um núcleo de baixa pressão que atrai as Massas frias. O Ar polar então se espalha pelo centro-sul do país, nesse caso ele era muito grande e estava próximo do continente, gerou impactos no litoral gaúcho e catarinense, ressaca no mar, rajadas de vento acima dos 120km/h, arrancando telhados e tombando caminhões. Depois ocorreu a entrada violenta do Ar Polar.

As Médias térmicas históricas foram quebradas, como a tarde mais fria da cidade de São Paulo pro mês de maio, a temperatura mais fria de Brasília em toda sua história (1,4 graus), geadas no Sul de MG, neve nas Serras Gaúcha e Catarinense, maior número de cidades com temperaturas negativas no sudeste. Os registros históricos anteriores foram dos anos de 1972 e 1975. Mas há registros em 2014 que também surpreendem. Impactos positivos no turismo e comércio são pontos a se destacarem na Geografia Econômica, porém os negativos acabam surgindo. As geadas provocam altas de alimentos, sobretudo hortaliças, os pastos são impactados e isso atinge a produção leiteira. Outro ponto negativo envolve a saúde de pessoas mais vulneráveis e em situação de rua. Problemas respiratórios se agravam com o ar mais frio e seco, há uma tendência de fecharmos as janelas. Porém há uma redução nos casos de Dengue, um problema mais típico do período de calor.


E vem mais frio por ai? Os meteorologistas alertam para novas entradas de Massas de Ar polar, mas não serão tão poderosas como essa. O ano de 2022 poderá ser mais frio que o ano anterior. Para nós, de São Paulo, sempre é bom manter nossos cobertores sobre aviso nessa época.

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