Portal da Cidade Cabreúva

Educação em alerta

Pais de alunos acionam Ministério Público por crise na educação de Cabreúva

Estudantes tiveram que regredir ano levito por falta de professores no ensino público

Publicado em 22/02/2022 às 12:00
Atualizado em

EMEB Mario Faccioli é alvo de polêmica por regredir alunos do 2º para o 1º ano. (Foto: Google Street View.)

Talvez se questionássemos o que Aline Bergamini, Michele da Silva Ribeiro, Marisa Salgado Azevedo, Léia Priscila e Elisete Cardoso têm em comum, provavelmente diriam que são moradoras do município de Cabreúva. E, sim, a resposta estaria correta, no entanto, além disso, possuem um problema em comum.

Todas elas são mães de alunos e alunas do 2º ano A da EMEB Mario Faccioli, localizada na região central da cidade, e reclamam sobre a atual situação vivida pelas crianças. Os pequenos foram tecnicamente prejudicados por uma falha de organização e planejamento da Secretaria de Educação, afinal, tiveram de retornar ao 1º ano e serem remanejados para outras salas de aula por não terem professoras disponíveis para aplicarem as aulas.

Entendendo a situação

Para que pudéssemos entender a dimensão de todo o problema, nossa equipe de jornalismo foi adicionada a um grupo de WhatsApp. Lá os responsáveis compartilham seus receios, frustrações e queixas relacionadas à educação das crianças. Dentre as reclamações mais ouvidas estão o despreparo e falta de planejamento vistos desde o início da pandemia.

Conversando com algumas das mães, nos relataram que, primeiramente, tentando retomar as aulas no formato presencial, a Prefeitura de Cabreúva optou pela contratação de educadores temporários, porém, como o próprio nome já diz, esse tempo se esgotou e, agora, os estudantes sofreram um remanejamento para salas de 1º ano por não terem com quem aprender os conteúdos pertinentes ao seu período.

Provável solução?

Regiane é uma destas mães que se revolta com a situação, ela afirma já ter conversado com a coordenação da escola que, por sua vez, alega não terem professores disponíveis na rede, portanto, como alternativa, teriam dito que será necessário aguardar por um concurso público. O problema é que todo este processo depende da conclusão e divulgação do Edital, que, segundo a entrevistada, ainda está em processo de conclusão e revisão por parte de uma advogada da Prefeitura de Cabreúva.

Vale lembrar que, mesmo que realizado e divulgado todo o planejamento para o concurso, ainda será necessário aguardar as provas e, consequentemente, seleção de candidatos, o que não é uma certeza de efetivação para os cargos disponibilizados. Além disso, pelo drama vivido pelos pais, eles pedem soluções imediatas, a curto prazo, e que não coloquem o futuro e aprendizado dos pequenos em risco.

No grupo de WhatsApp ainda ouvimos relatos de que o problema se estende a outros períodos letivos, salas e instituições do município, além da Mário Faccioli.

Mães e pais em sintonia

Preocupados com o aprendizado das crianças, quando questionados, os pais e mães ouvidos pelo Portal da Cidade são contundentes em afirmar que a educação de Cabreúva vive momentos difíceis. Muitos sequer sabiam que as profissionais responsáveis por lecionar não eram fixas, e sim temporárias.

Ao atribuírem culpados, alguns mencionam a própria instituição de ensino, outros a Secretaria de Educação e seus representantes, ou até o chefe do poder executivo, Antônio Carlos Mangini. A questão é que a apreensão fez com que tomassem uma decisão importante.

Ministério Público entra em cena

Assim como os representantes legais dos alunos Luiz Gustavo, Thalles Estevão, Cecília, e David Lucca, que viram falhas na atual gestão, Leandro do Nascimento, pai do Heitor, decidiu recorrer ao Ministério Público de São Paulo para que todo esse imbróglio pudesse ter um fim.

O advogado e morador do município encaminhou um e-mail à promotoria de justiça na última segunda-feira, 21 de fevereiro com o seguinte relato:


"A escola Municipal Mário Faccioli, no dia de hoje informou que não dispõe de professora para o segundo ano, por isso os alunos iriam regredir de ano e seriam alocados novamente nas classes do primeiro ano, como já não bastasse todo transtorno que a pandemia trouxe com prejuízo a educação, agora os alunos são obrigados a perderem mais um ano, por falta de planeamento municipal, para retomada das aulas, mesmo tendo dois anos de suspensão das aulas nada foi feito, demonstrando um verdadeiro descaso com a educação, algo de extrema importância na formação do ser humano, bem com se tratar de DIREITO LIQUIDO E CERTO. segundo informações da escola precisa aguardar a REALIZAÇÃO DE CONCURSO PÚBLICO PARA CONTRATAR NOVOS PROFESSORES, É SABIDO QUE O PROCEDIMENTO É DEMORADO E PRECISA DE UM PLANO EMERGÊNCIA POR PARTE DO MUNICÍPIO PARA GARANTIR O DIREITO DAS CRIANÇAS.".


Consultamos o poder público

O Portal da Cidade entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Cabreúva, responsável por responder aos questionamentos levantados pela imprensa, porém, até a publicação desta matéria não nos responderam.

Além disso, encaminhamos a mesma solicitação através de um aplicativo de mensagens à Secretária de Educação do município, Maria Zilda Cesarotto, entretanto, ela apenas visualizou e, assim como a assessoria, não nos respondeu.

Os pais e alunos das instituições de ensino ficam, até então, sem uma resposta por parte do poder público.

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