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Sétima arte!

Tá no ar: O Gambito da Rainha

Atenção: Este texto contém spoilers

Publicado em 03/07/2022 às 11:30
Atualizado em

Arte de divulgação (Foto: divulgação )

Em 1998, campeonato mundial de xadrez na Rússia, Norte-americana vence e se torna um ícone mundial da história do xadrez, mas essa história, não é sobre o Fischer, é sobre Harmon!

 Na ficção, a garota nascida em 1948 começou a apresentar sua genialidade aos 8 anos de idade, no porão de um orfanato. Desolada pela perda de sua mãe (suicida), a pequena Beth Harmon confusa e dispersa, é “jogada” em um orfanato católico, onde descobre seu primeiro vício; pilulas esverdeadas, com efeito tranquilizante que causam alucinações e tem efeito sedativo, o Xanzolam (nome do medicamento na série), o remédio fazia parte dos processos do orfanato. Todos os dias, as garotas precisavam ingerir uma pílula de estímulo (laranja) e logo em seguida a tranquilizante (verde). Ao descobrir os efeitos do Xanzolam sozinho no organismo, Beth começa a esconder e ingeri-lo descompassadamente. Apesar de parecer insano, na época, a maioria dos países não proibia o consumo de medicamentos pesados por crianças.

Além das pílulas, a curiosa criança vê que o zelador do local, joga um jogo “diferente” e sozinha, ou quase, a menina aprende o movimento de todas as peças, surpreso com a agilidade de proeza de Harmon, o zelador passa a ensiná-la tudo o que sabe, daí para frente, ela decola nos campeonatos, estaduais, nacionais e internacionais.


O vício adquirido pela personagem, citado acima, não passa de um, dos diversos traços de “automutilação” e martírio da garota. A obra faz todo esforço possível para evidenciar a loucura ao mesmo tempo que evidencia a genialidade. Existe um estudo empírico que aponta que a genialidade, possui uma forte relação com a loucura. Alcoolismo, tabagismo e narcóticos, talvez todas essas substâncias ajudem-na a controlar e anestesiar sua mente, o problema, é que nossa querida protagonista, não tem autocontrole. 

Beth Harmon se prova ao longo de sua jornada, uma exímia jogadora, com alta percepção e analise apurada, mas qual o preço de tamanha inteligência? É possível ser genial e, ao mesmo tempo, normal? Questionamentos estes, que além de serem muito bem desenvolvidos ao decorrer da trama, são respondidos indiretamente em seu final.

Mesmo com toda a filosofia e consistência, uma boa série, precisa de bons personagens e essa aqui, tem de monte! Começando pela mãe adotiva da Beth, personagem bem desenvolvida, carismática e que apresenta os mesmos problemas que a protagonista. Enquanto Beth é aprisionada por sua mente, por seus vícios e deslocação com o mundo, sua mãe (Alma) é aprisionada por sua casa e seu relacionamento abusivo. A relação das duas é linda, por que uma entregou a chave da outra, enquanto a protagonista libertará a mãe, Alma, libertou a filha. Não havia maneira da história toda acontecer sem a presença de Alma no enredo, tudo isso excluindo a interpretação maravilhosa da atriz Marielle Heller e Anya Taylor Joye.


Benny Watts também marcou presença em todas as suas cenas! Interpretado por Thomas Brodie-Sangster, o personagem é um espelho de Harmon, desde muito novo descobriu sua “genialidade” e destruiu todos os seus oponentes em todos os campeonatos que participou (exatamente como a protagonista), porém com uma diferença, os vícios, enquanto Harmon usa os vícios como artificio Benny usa válvulas de escape mais saudáveis.

Além de tudo, “O Gambito da Rainha” é uma obra de superação, autocontrole, inteligencia emocional, estabilidade ou a falta dela e é claro, sobre genialidade e loucura. Afinal, vale a pena abrir mão da humanidade, para ser tornar um gênio? Até onde sua ambição pode te levar, e o que ela pode tirar de você?

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